Embora tenha participado de coberturas históricas, como as eleições presidenciais estadunidenses em 2004 e 2008, o terremoto no Chile em 2010 e o tsunami no Japão em 2011, a notícia que mais impactou Daniel Scola foi a descoberta de um câncer na cabeça, em 2021.
Raro entre adultos, o meduloblastoma é um tumor maligno que afeta o equilíbrio do corpo e, no caso do jornalista, comprometeu também a fala. E assim, no auge dos 30 anos de carreira, a principal voz do rádio no Rio Grande do Sul precisou deixar os microfones para enfrentar uma odisseia em busca da cura.
Agora, os medos, tensões e angústias de quem enfrentou duas cirurgias, 33 sessões de radioterapia e seis ciclos de quimioterapia em menos de um ano, são narrados em primeira pessoa no livro ‘Aluno da tempestade’.
Neste lançamento, publicado pela Citadel Grupo Editorial, o autor vai além da luta pela saúde física e faz um resgate dos momentos que marcaram a carreira como jornalista. Entre as memórias divididas com os leitores estão a entrevista com Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque e o encontro com Papa Francisco, exatos 10 anos após a cobertura do conclave que escolheu o argentino para o cargo máximo da Igreja Católica.
“Nas páginas desse livro, você vai ler histórias tristes, emocionantes e de redenção. É a única coisa que posso prometer, além de muito empenho na escrita. Me emocionei muito ao relembrar tudo que passei, da transição de um sujeito plenamente saudável para um homem desacordado, numa cama de UTI hospitalar e com uma sonda entrando no nariz”, destaca o autor.
Com inspiração no estilo narrativo inspirado em grandes nomes da literatura, como o poeta Carlos Drummond de Andrade e o dramaturgo William Shakespeare, o jornalista acrescenta ao livro pitadas da própria personalidade ao presentear o leitor com trechos de músicas e incorporar analogias de clássicos da literatura aos próprios relatos. Por exemplo, o terremoto no Chile, em 2010, e o consequente abandono do país, que são comparados ao Inferno descrito por Dante Alighieri em A Divina Comédia.
Entre os raios e trovões que transformaram a vida do jornalista em uma imensa tempestade, o gaúcho compartilha os aprendizados que fizeram com que o “velho Scola” ficasse para trás, para que um novo tomasse lugar. Esta obra é mais do que um intenso relato sobre o enfrentamento de um câncer na cabeça. Para o autor, a possibilidade de ajudar alguém por meio do livro, equivale a receber um “Prêmio Esso” – o Oscar do jornalismo brasileiro.
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