A queimação de palhinha em São Luís
Dia 6 de janeiro, é dia de reis... Dos cordões de reis, das campanhas de reis, dos reisados...
Dia 6 de janeiro, é dia de reis... Dos cordões de reis, das campanhas de reis, dos reisados... Da folia de reis. Momento que encerra na tradição católica o fim do período natalino, hora de desmontar os presépios, uma tradição criada por São Francisco de Assis no século XIII, o criador do primeiro presépio.
Aqui em São Luís, temos um ritual bem particular, que antecede o desmonte dos presépios, a queimação de palhinha que consiste em queimar num fogareiro ramos de murta que servem para decoração dos presépios.
As pessoas também rezam ladainhas e fazem pedidos para o ano novo. Esse ritual tem origem na tradição e colonização portuguesa, uma tradição que perdeu força nas últimas décadas em São Luís, aliás, como todas as outras, pois antes, esse ritual católico, tipicamente ludovicense, era realizado majoritariamente nas casas de famílias.
Nos anos de 1920 e 1930, vemos nos jornais, anúncios, convidando para a queimação de palhinha nas casas de famílias e comunidades que sempre eram finalizadas com festejos.
Até meados dos anos de 1970, quando essa tradição estava ainda bastante viva, o desmonte do presépio aqui em São Luís e, portanto, a queimação de palhinha, parece-me que ocorriam mais para o fim do mês de janeiro e não no início, dia de reis (6 de janeiro), como ocorre hoje. Sobre isso, destaca Domingos Vieira Filho (1976) em seu livro “Folclore do Maranhão ’’: “Aí pelos dias 20 e 21 de janeiro, antes de desmontá-los [o presépio] e guardar suas peças para o ano seguinte, realiza-se a cerimônia da queimação de palhinha.’’
O ritual de queimação de palhinha em meados da década de 70 do século passado, ainda era muito semelhante ao que ocorre hoje ou mais recentemente. Ainda segundo Vieira Filho (1976), a cerimônia consistia da seguinte forma: “No dia aprazado, cerca das oito horas da noite, postam-se os presentes diante do presépio e rezam uma ladainha. Findo o ato litúrgico segue-se a queima das palhas do presépio. Cada qual pega um galhinho de murta, dos muitos que serviam de abóbada vegetal ao presépio, e chega à luz de uma vela, não sem antes pedir ao Menino Deus uma graça qualquer”.
No fim da década de 1970, os Centros culturais... Museus... Começaram a assumir a manutenção dessa tradição. Há ainda algumas permanências dessa tradição em bairros populares de São Luís, porém, nos últimos anos, percebe-se um grande enfraquecimento dessa tradição, inclusive, nos Centros culturais, aonde elas vinham sendo realizadas com mais regularidade nas últimas décadas.
Saiba Mais
As opiniões, crenças e posicionamentos expostos em artigos e/ou textos de opinião não representam a posição do Imirante.com. A responsabilidade pelas publicações destes restringe-se aos respectivos autores.
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.