SÃO LUÍS - A importância de se preservar as memórias em todos os sentidos, inclusive as familiares. É o que aborda ‘Yarin’, da escritora, poeta e prosadora Maria Vitória Bouças. O livro, com uma narrativa terna e envolvente, conta a história das mulheres de uma família tradicional, de qualquer lugar do país, no início do século XX. A obra será lançada no próximo dia 11 de abril, às 19h, na Livraria AMEI, no São Luís Shopping.
A ficção se confunde com a realidade e a autora mergulha no significado do nome Yarin, aquela que tudo entende e carrega em si uma aura de luz, para contar os desafios e superações, por meio do amor, das avós, mães, filhas e netas dessa família.
“Eu sempre desejei contar para alguém o que sei sobre a vida da minha amada e inesquecível Yarin. Pensei em escrever sobre o que ela me confidenciou ao longo dos nossos muitos anos de conversas. Pensei que seria bom transcrever o que está anotado em antigas cadernetas desbotadas e que eu, indiscretamente, li. É aí que surge Yarin”, explicou a escritora.
Yarin é uma história comum à realidade de muitas mulheres. Contempla a dor da separação, principalmente entre mães e seus filhos. Foi o que vivenciou a protagonista ao nascer, pela morte de sua mãe e mais tarde pela separação de seus irmãos. Um sofrimento vivenciado também por um de seus filhos.
Na obra, o romantismo dos anos 50 em relação aos laços matrimonias está presente na escrita poética, marcada pela profundidade emocional e sensibilidade de Maria Vitória Bouças. Ela traz a solidez do companheirismo de Yarin e Javier em um ambiente harmonioso e amoroso, no qual criaram seus filhos, e que infelizmente não refletiu no relacionamento de sua filha, Hortência, com o marido, Caetano.
Hortência enfrentou situações de violência doméstica: o isolamento da família, o alcoolismo do marido, a perda de uma filha e posteriormente do pai (Javier) e a internação do marido, em um hospício. Mais uma vez a narrativa da escritora se destaca ao trazer os sentimentos mais profundos de seus personagens, revelando suas complexidades emocionais com maestria. O sofrimento uniu ainda mais mãe e filha para superarem os obstáculos, tantos emocionais quanto de ordem financeiras.
Yarin e Hortência se descontruíram de qualquer vergonha e desafiaram normas sociais para que pudessem juntas sustentar a família. Elas contaram também com a ajuda dos irmãos de Hortência e filhos de Yarin: Alejandro e Ramon.
A vida, com todas as dificuldades, seguia seu rumo, mas Hortência ainda enfrentaria uma das maiores violências que a mulher pode sofrer, ser privada da convivência das filhas. A determinação em encontrá-las, a rede de apoio formada por mulheres para ajudá-la e principalmente a resiliência de Hortência com a capacidade de superar adversidades, se adaptar e se reinventar, tão presentes em sua mãe, Yarin, a conduziram em dias tão difíceis como o escrito no livro no momento em que Hortência encontra as filhas, mas não pode abraça-las: “Rever alguém a quem se ama tanto e não poder abraçá-la… Esta é uma forma de tortura, mais ainda quando envolve a relação mãe e filhas”.
Em uma época onde a agressão física dos homens em relação às mulheres não levava o agressor para a prisão e às mulheres não eram concedidos nenhum Direito sobre seus filhos, o tempo amoleceu o coração do ex-marido de Hortência. A vida deu voltas inesperadas, as filhas retornaram ao convívio da mãe e da avó, Yarin. Ambas sentiram os ventos da prosperidade soprarem novamente em suas vidas.
“Tive que registrar e contar quem foi a mulher mais fabulosa, encantadora e perfeita que eu conheci em toda a minha vida, Yarin. E falar um pouco da Hortência que, a exemplo de sua mãe, conseguiu, pela fé, tudo o que desejava”, disse a autora de Yarin, Maria Vitória Bouças. Ela reafirma que “o amor descobre os seus próprios caminhos e sempre pede tempo para ser o que ele é. O amor é o único sentimento capaz de dominar qualquer tempestade, seja a ruidosa precipitação dos céus ou águas que se elevem de profundas abissais”, finalizou.
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