Delação não aceita de Eduardo Cunha aponta compra de votos para Hugo Motta
Hugo Motta atua hoje no Republicanos-PB e é o favorito para comandar a Câmara dos Deputados a partir de fevereiro. A eleição da Mesa Diretora da Casa ocorrerá no dia 1º.
BRASÍLIA - O ex-deputado federal Eduardo Cunha afirmou ter comprado votos para eleger Hugo Motta à liderança do MDB na Câmara Federal em 2016. A declaração ocorreu numa tentativa fracassada de acordo de delação na Operação Lava Jato. O depoimento foi invalidado posteriormente e as acusações jamais investigadas.
Hugo Motta atua hoje no Republicanos-PB e é o favorito para comandar a Câmara dos Deputados a partir de fevereiro. A eleição da Mesa Diretora da Casa ocorrerá no dia 1º.
Na ocasião em que Cunha afirmou ter comprado votos, Hugo Motta acabou perdendo a disputa pela liderança para Leonardo Picciani, do Rio de Janeiro.
O pedido de delação de Cunha foi apresentado em meados de 2017, atribuiu irregularidades a cerca de 120 políticos e assegurou ter arrecadado R$ 270 milhões em um período de 5 anos para repartir com correligionários e aliados, sendo 70% via caixa dois.
Toda a delação, contudo, foi considerada superficial demais pelos investigadores, e não houve acordo.
Um dos documentos com a proposta foi compartilhado entre procuradores que discutiam a possibilidade de delação em um chat do aplicativo Telegram, em julho de 2017, no material obtido pelo site The Intercept Brasil e também analisado pela reportagem da Folha de S. Paulo.
Na proposta de delação, Cunha afirma que pagou para a compra da liderança do PMDB nos anos de 2013 e 2016.
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Segundo ele, a disputa entre Picciani e Hugo Motta em 2016 foi a mais cara devido a negociações relacionadas à composição da Comissão de Impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT).
Conforme consta no documento compartilhado pelos procuradores, Cunha disse que teria pedido ao empresário Joesley Batista, da J&F, R$ 3 milhões para a compra da eleição em favor de Hugo Motta e que esse dinheiro teria sido dividido entre seis deputados.
Ele citou nominalmente os ex-congressistas Anibal Gomes, Hermes Parcianello e Vitor Valim e o deputado Alceu Moreira, e disse que ainda confirmaria os outros dois nomes.
Procurados por meio de suas assessorias, Hugo Motta e Joesley Batista não se manifestaram.
Parcianello, Valim e Alceu negaram o relato do ex-presidente da Câmara.
"Eu apoiei o Picciani contra o Hugo. Se o Hugo pediu voto para mim, foi só conversa de corredor. Uma conversa dessas [sobre dinheiro] nunca tive não, longe disso", afirmou Parcianello.
Já Valim afirmou que o relato "é uma grande mentira". Alceu Moreira disse que a delação não é verdade, e que ele jamais compactuou com atos desta natureza.
A reportagem não conseguiu localizar Anibal Gomes.
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