REDUÇÃO DE MORTALIDADE

Bolsa Família reduz mortes de pacientes com transtornos mentais, aponta estudo da Fiocruz

Pesquisa indica que o programa de transferência de renda está associado à diminuição das taxas de mortalidade, especialmente entre mulheres e jovens, após hospitalização psiquiátrica.

Agência Gov

Atualizada em 23/01/2025 às 15h34
Programa Bolsa Família (PBF) tem impacto na redução da mortalidade entre indivíduos com transtornos mentais.
Programa Bolsa Família (PBF) tem impacto na redução da mortalidade entre indivíduos com transtornos mentais. (Foto: Lyon Santos/ MDS)

BRASIL - Um estudo conduzido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) revelou que o Programa Bolsa Família (PBF) tem impacto na redução da mortalidade entre indivíduos com transtornos mentais. A pesquisa, publicada na revista científica PLOS Medicine, aponta que o benefício não apenas diminui as taxas de óbito, como também possui potencial para evitar mortes nessa população.

Utilizando a base de dados da Coorte de 100 Milhões de Brasileiros, os pesquisadores acompanharam cerca de 70 mil pessoas que ingressaram no PBF após uma internação por transtorno psiquiátrico. A análise comparou os beneficiários com um grupo similar que não recebeu o auxílio, no período de 2008 a 2015. Os resultados demonstram que o Bolsa Família esteve associado a uma redução de 7% na mortalidade geral e de 11% na mortalidade por causas naturais neste grupo.

“Essa comparação evidenciou que o Bolsa Família promoveu uma redução na mortalidade de indivíduos que, após uma hospitalização por transtorno mental, passaram a receber o benefício”, explicou a pesquisadora do Cidacs/Fiocruz Bahia e líder do estudo, Camila Bonfim.

Efeito ampliado em mulheres e jovens

Os dados revelam que o efeito do PBF foi mais expressivo entre mulheres e jovens. Para as mulheres, o programa foi associado a uma redução de 25% na mortalidade geral e de 27% na mortalidade por causas naturais. Já entre jovens de 10 a 24 anos, a redução foi de 21% na mortalidade geral e de 44% na mortalidade por causas naturais.

Segundo Camila Bonfim, esses números refletem o impacto do programa no acesso a serviços de saúde. “Uma das condicionalidades do Bolsa Família é o acompanhamento de saúde. Essa redução na mortalidade por causas naturais, como doenças cardiovasculares e cânceres, sugere que o programa facilita o acesso à atenção primária e a exames de rotina, contribuindo para a prevenção e o tratamento dessas doenças”, destacou a pesquisadora.

Além do efeito direto na redução da mortalidade, a pesquisa indica que o Bolsa Família tem um potencial preventivo. Ao analisar a base completa de pessoas hospitalizadas por transtornos psiquiátricos, os pesquisadores estimaram que, se todas recebessem o benefício, pelo menos 4% das mortes poderiam ter sido evitadas.

“Indivíduos com histórico de internação por transtornos mentais possuem uma expectativa de vida menor que a população geral. Os resultados deste estudo reforçam o potencial de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, na proteção de um dos grupos mais vulneráveis da sociedade”, ressaltou a pesquisadora.

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