MEIO AMBIENTE

Campanha ‘LataCadabra’: um encontro entre economia circular e sustentabilidade

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas) lançou na última sexta-feira (21) a campanha ‘LataCadabra’, que propõe uma alternativa viável e eficaz para reduzir o impacto ambiental: a economia circular.

Jessyka Melo/Imirante.com

Atualizada em 27/02/2025 às 14h45
A lata de alumínio é um dos materiais mais reciclados no Brasil e no mundo. (Foto: Reprodução/Abralatas)
A lata de alumínio é um dos materiais mais reciclados no Brasil e no mundo. (Foto: Reprodução/Abralatas)

BRASIL - Você já parou para pensar na quantidade de resíduos que descarta todos os dias? Embalagem de bombom, lata de bebida, garrafa de água, isopor do almoço, caneta estourada, papel rasgado, camisa velha... O ciclo interminável de comprar coisas e descartar embalagens. Em um mundo onde o consumo desenfreado gera montanhas de lixo diariamente, a pergunta que fica é: há algo que possa ser feito para mudar esse cenário?

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas) lançou na última sexta-feira (21) a campanha ‘LataCadabra’, que propõe uma alternativa viável e eficaz para reduzir o impacto ambiental: a economia circular.

Economia circular: mais do que reciclar

(Reprodução/Abralatas)
(Reprodução/Abralatas)

A economia circular é um método de economia que visa que o produto tenha o maior tempo de vida possível. A ideia é criar um ciclo contínuo de reaproveitamento, reciclagem e regeneração dos recursos naturais. Diferentemente de apenas reciclar materiais que já existem, na economia circular o produto é projetado para ter um impacto ambiental reduzido, com diversas possibilidades de reutilização. Além disso, há um cuidado de repor instantaneamente o que é tirado do meio ambiente, afinal os recursos naturais são finitos.

O modelo vivido hoje pela maioria, é a Economia Linear, uma organização caracterizada pela extração crescente de recursos naturais, produção de bens e descarte dos rejeitos. Nesse modelo, não há expectativa de retorno ou reciclagem, e o processo segue a sequência de "extrair, fabricar e descartar"

Já para a economia circular, o foco deve ser na ressignificação de produtos, permitindo o reuso por meio de novos modelos de negócios e serviços. Este modelo busca aumentar a eficiência e a otimização nos processos de produção e uso, reduzindo o consumo de energia, água e outros recursos. Para a Coordenadora Regional de eficiência de recursos para América Latina e Caribe da ONU Meio Ambiente, Adriana Zacarías, esse tipo de Economia se assemelha ao próprio modo da natureza.

“Tudo o que a natureza produz é um insumo ou um alimento para outro organismo. Pense na floresta, as folhas de uma árvore se tornam fertilizante para a terra; quando um animal morre, outro se alimenta dele. Tudo é um fluxo fechado no qual tudo flui”, disse a Coordenadora Regional Adriana Zacarías.

Muitos países desenvolvidos já adotaram esse modelo de produção e consumo. A Holanda, por exemplo, pretende, até 2050, estar totalmente integrada à economia circular. E o Brasil, conseguiria seguir por esse caminho? Para Guilherme Canielo, Gerente de Assuntos Corporativos da Abralatas, é possível, desde que medidas concretas sejam feitas.

“No Brasil, a implementação desse conceito pode ocorrer de várias formas. Encerramento dos lixões, implementação de verdade da coleta seletiva nos municípios, promoção de campanhas de educação ambiental juntos aos cidadãos a até mesmo o reconhecimento definitivo dos catadores como profissionais essenciais para a reciclagem no país. [...] E os benefícios da economia circular são muitos. Além do Brasil se preparar para competir em um contexto em que a sustentabilidade é um fator crítico, até mesmo de sobrevivência, abrimos espaço para mais inovações, geração de novos empregos e de permitir com que a economia brasileira possa crescer de maneira mais equilibrada.”, afirmou Guilherme Canielo.

Guilherme Canielo, Gerente de Assuntos Corporativos da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Foto: Divulgação/Abralatas)
Guilherme Canielo, Gerente de Assuntos Corporativos da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Foto: Divulgação/Abralatas)

Vertentes da Economia Circular

O ponto principal desse tipo de economia, é entender que se deve utilizar os recursos naturais de forma responsável e racional. De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente, cerca de 80 toneladas de lixo foram produzidas no Brasil em 2023. Para onde vai esse lixo? A resposta está por aí, nos aterros, lixões, mares, ruas, no ar e até no sangue humano. O lixo retorna e toma conta de tudo.

A alternativa que economia circular oferece, divide-se em várias vertentes. Veja abaixo quais são:

  • Reciclagem: a mais conhecida e difundida forma de transformar resíduos em novos produtos, um exemplo dessa forma de aplicar a economia circular, é o famoso sabão tão utilizado por nós, e por vezes esquecido que é feito a partir do óleo de cozinha reutilizado.
  • Reutilização: diferente da reciclagem, a reutilização é o reuso de materiais em sua forma original, de maneira a prolongar a vida útil do produto por meio de reparos, como aquela clássica costura em roupas já utilizadas que confere a peça mais um tempo de uso.
  • Remanufatura: nada mais é do que a restauração de produtos, com o objetivo de que eles voltem ao seu padrão de eficiência útil, como a recuperação de peças de automóveis
  • Regeneração: processo que possui como foco melhorar a capacidade de um sistema natural de nos dar recursos, exemplo disso seria a implementação de energias renováveis.
  • Compartilhamento e aluguel: nesse tópico, discute-se a importância do compartilhamento do produto ao invés de sua compra. Em várias cidades, as bicicletas são disponibilizadas em lugares estratégicos e podem ser alugadas por diversos usuários diferentes, reduzindo assim a demanda por novos produtos.

 

Desafios

Qualquer mudança exige a coragem de lidar com as dificuldades que vem junto. Neste caso, não é diferente. Mudar um sistema já instalado há tantos anos e tão benéfico as grandes empresas é difícil e demanda tempo. Colocar um selo de cruelty free e usar canudos de papel é infinitamente mais fácil do que aderir ao um novo modelo de produção em que os grandes polos comerciais não são os principais beneficiados. Mas não é impossível.

O cenário mundial apresenta uma oportunidade significativa para o avanço na infraestrutura de coleta, separação e reciclagem de resíduos. Muitos países têm feito progressos notáveis na implementação de programas de reciclagem, e embora ainda existam desafios em relação à eficiência dos sistemas, isso abre espaço para melhorias e inovações. A transição para a economia circular é uma jornada que demanda criatividade e investimentos, mas é totalmente viável e pode resultar em soluções inovadoras para transformar resíduos em novos produtos de maneira eficiente.

Além disso, o comportamento do consumidor é um aspecto que pode ser moldado por meio da educação e conscientização, incentivando a escolha de produtos duráveis, reutilizáveis e recicláveis. Embora essa mudança possa levar tempo, ela também representa uma oportunidade valiosa para cultivar hábitos mais sustentáveis em nossa sociedade.

Apesar dos desafios, a implementação da economia circular é uma meta alcançável, e o Brasil possui um grande potencial para avançar nesse caminho, um exmeplo disso é a reciclagem das latas de alumínio. Essa transformação requer um esforço colaborativo entre governo, setor privado e sociedade civil, além de um forte comprometimento com a educação ambiental e a inovação.

Latas de alumínio são as protagonistas de um presente sustentável
(Reprodução/Recicla Design)
(Reprodução/Recicla Design)

Segundo a Associação Internacional do Alumínio, as latas de alumínio são as embalagens com maior capacidade de fazer parte da economia circular. Enquanto embalagens de plástico (pet) e vidro não ultrapassam 40% de porcentagem em material reciclado, as latas alcançam os 70%. Em estudo realizado pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal), mostra que 2 em cada 3 latas de alumínio são recicladas. Uma delas volta às prateleiras em menos de 60 dias; a outra é transformada em diversos produtos recicláveis.

No Brasil, estima-se que 32,3 bilhões de latas foram comercializadas em 2023. Nos últimos 15 anos, mais de 95% das latas de alumínio foram recicladas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas), confirmando o país como um dos maiores recicladores de latinhas do mundo e fazendo do segmento um exemplo de economia circular. Com índices de reciclagem tão expressivos, o setor é referência mundial em logística reversa, tendo aderido ao Pacto Global das Nações Unidas, que reúne esforços de todo o mundo para zerar a destinação de resíduos para aterros e alcançar níveis elevados de circularidade até 2030.

Campanha ‘Latacadabra’

A lata de alumínio para bebidas ganhou a primeira campanha dedicada à embalagem no Brasil. De maneira leve e divertida, a campanha busca levar as pessoas a ideia de que a lata pode ser mais do que só a embalagem da sua bebida, mas uma forma consciente de ajudar o meio-ambiente.

“A Campanha LataCadabra é uma iniciativa inédita que está se tornando realidade pela Abralatas, associação que representa a lata de alumínio no Brasil. A lata de alumínio é uma embalagem prática e a mais segura e sustentável do mercado, mas nem todos sabem disso. O objetivo é apresentar essas vantagens de forma leve, descontraída e descomplicada para que o consumidor possa escolher sua bebida de preferência com consciência.”, declarou o Gerente da Abralatas.

O nome da campanha é um trocadilho entre ‘lata’ e ‘abracadabra’, remetendo às propriedades quase mágicas do alumínio: ele gela rápido, é leve, resistente e pode ser reciclado infinitamente sem perder qualidade. A Abralatas espera que essa seja apenas a primeira de muitas campanhas sustentáveis a serem lançadas nos próximos anos.

Sustentabilidade é coisa do futuro?

O planeta está doente, e que está sendo feito para curá-lo? E, é claro, é difícil pensar que uma atitude isolada em São Luís do Maranhão, por exemplo, seria suficiente para diminuir o impacto de anos de poluição, principalmente quando grandes empresas lançam toneladas de lixo todos os anos na natureza, mas mudanças necessitam de começos. O que nos impede de dar o primeiro passo?

Para Guilherme Canielo, o futuro já começou:

“Precisamos acreditar nesse sonho e transformá-lo em atitudes concretas. O Brasil está em sintonia com o mundo e no caminho certo para a sustentabilidade. Recentemente, aprovamos uma Reforma Tributária que leva em conta o impacto ambiental de produtos e serviços nas alíquotas. Também contamos com um marco regulatório da reciclagem moderno, que vem fazendo a diferença, inclusive ao garantir melhores condições de trabalho para os catadores. Além disso, seremos anfitriões da COP 30, o maior fórum mundial de debates sobre o meio ambiente. E temos, ao nosso alcance todos os dias, um dos melhores exemplos de economia circular: a lata de alumínio. Com essas iniciativas, estamos construindo um futuro mais sustentável para o planeta.”, concluiu Guilherme Canielo.

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