Professores de Matemática do Ensino Médio de todo o Brasil podem se inscrever e participar da segunda edição da olimpíada que, no ano passado, premiou 10 medalhistas de ouro com uma viagem a Xangai, na China, para um intercâmbio científico e cultural.
Estão abertas as inscrições para a segunda edição da Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr).
Para se inscrever, basta ser professor de Matemática de qualquer escola pública ou particular do Brasil, acessar o site https://opmbr.org e preencher o formulário.
O processo de avaliação inclui três etapas. No mês de junho, os professores inscritos fazem uma prova online. Depois, os classificados precisam enviar um vídeo que demonstre o trabalho desenvolvido em sala de aula, abordando metodologias, experiências e resultados.
Na terceira etapa, os selecionados participam de uma entrevista com especialistas que, na primeira edição, incluiu, por exemplo, o ex-ministro Cristovam Buarque e os professores Eduardo Wagner e Jorge Lira, entre outros nomes de destaque na área de Educação e da Matemática.
Em novembro, serão conhecidos os premiados nas categorias bronze, prata e ouro. E os que conquistarem a categoria ouro serão premiados com uma viagem de intercâmbio científico e cultural a Xangai, na China, como na primeira edição.
”Além de ser o país que mais cresce e se desenvolve economicamente, a China é referência na educação em geral e no ensino de Matemática. E isso não é uma coincidência. Temos muito a aprender se queremos deixar de ser um país que tem professores e pesquisadores que fazem parte da elite da Matemática mundial (Grupo 5 da Internacional Mathematical Union – IMU), mas cuja média geral está entre as piores do mundo”, considera Adauto Caldara, membro do Conselho Gestor da Olimpíada.
Segundo ele, o Brasil ocupa hoje a 65ª posição no ranking de 81 países que participaram do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), divulgado no final ano passado, levando em conta os resultados da área de Matemática.
E foi essa “equação mal resolvida” que mobilizou o grupo de engenheiros da turma 89 do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) a criar a OPMBr em 2023.
“Queremos reconhecer e valorizar iniciativas bem-sucedidas no ensino da Matemática em todo o País, mas nosso objetivo maior vai além: o projeto é contribuir para difundir e disseminar boas práticas – locais e internacionais - pelo Brasil, trabalhando para melhorar a qualidade do ensino da disciplina e, assim, contribuindo para alavancar a posição do país no ranking mundial, a médio e longo prazo”, afirma Adauto.
Para isso, os professores medalhistas de ouro na primeira edição começaram, com o início deste ano letivo, uma jornada de compartilhamento da experiência por meio de palestras, minicursos e workshops.
“Dentro do objetivo maior da OPMBr, essa é uma etapa fundamental. E é interessante perceber que uma das lições mais interessantes que vimos em Xangai é exatamente a de pensar o ensino como uma construção coletiva. Professores trabalham juntos, avaliam as aulas uns dos outros dentro de metodologia chamada ‘lesson study’, que nada mais é do que uma aula pública onde os mais experientes assistem às aulas de colegas e, depois, participam de uma discussão com objetivo de melhorar a prática, em um processo contínuo”, explica um dos medalhistas de ouro José Fabio de Araújo Lima, professor da escola estadual Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand, em Feira de Santana, na Bahia.
Do Maranhão para a China
Após conquistar medalha de ouro na Olimpíada Brasileira dos Professores de Matemática (OPMBR) e ganhar uma viagem de intercâmbio para China, professor maranhense fala da sua experiência nas escolas de Xangai.
Considerado um dos 10 melhores professores de Matemática do País, Rubens Lopes Netto, professor do Centro de Ensino Deputado Júlio Pires Monteles, localizado no município Anapurus, no interior do Maranhão, esteve em Xangai, na China, para uma imersão científico-cultural relacionada ao ensino de Matemática no país.
A viagem foi uma premiação para os medalhistas de ouro da Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr), realizada pela primeira vez no ano passado e que terá uma nova edição este ano.
Entre os inúmeros aprendizados obtidos com a participação na olimpíada e com a viagem, Rubens ficou impressionado com o comprometimento e interesse dos alunos chineses em estudar.
“É impressionante como os alunos chineses parecem já vir de casa com uma percepção de que aquela aula é muito importante. Eles se mostram realmente comprometidos com as aulas e a aprendizagem, nitidamente dispostos a absorver o máximo do conteúdo passado pelo professor. Os chineses enxergam o professor como um mestre e as aulas, como uma oportunidade única”, destaca.
Para Rubens, a forma como funciona o sistema educacional da China e a própria cultura do país contribui para formação de jovens tão comprometidos com o estudo.
“Na China, o aluno passa toda a sua vida escolar se preparando para duas provas decisivas. A primeira é um exame para ingressar no Ensino Médio, na qual o aluno tem uma oportunidade única, não podendo repetir o exame, caso não consiga avançar na carreira acadêmica, seguindo então para os cursos vocacionais. A segunda é o GaoKao, que é o “Enem” dos chineses, o Exame Nacional de Admissão à Faculdade, considerado o “vestibular” mais difícil e concorrido do mundo. Eles não deixam e nem podem deixar para se preparar para o “vestibular” apenas um ou dois anos antes. Neste exame, que também só pode ser feito uma vez, os alunos precisam mostrar tudo o que aprenderam em 12 anos de estudo. Não existe segunda chance e nem segunda opção, é preciso ir bem neste exame para garantir seu futuro e conquistar os melhores empregos no país”, diz.
Rubens ressalta que, diferentemente da China, no Brasil, o aluno costuma se preparar para o Enem ou vestibular nos últimos anos do Ensino Médio, muitas vezes, tentando recuperar o tempo perdido ao longo da vida escolar.
Do ponto de vista da formação dos professores, Rubens também destaca a metodologia chamada de “Teaching Research Group”, por meio da qual os professores aprendem uns com os outros e se colocam em uma posição de aprendizado e aperfeiçoamento constante.
“Pela metodologia, os professores podem assistir às aulas uns dos outros, planejar em conjunto, refletir, discutir, opinar, trocar experiências e aperfeiçoar seus métodos. Tudo em busca de uma formação com equalidade”, disse.
Brasil X China no ensino de Matemática
O Brasil ocupa hoje a 65ª posição no ranking de 81 países que participaram do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), divulgado no final ano passado, levando em conta os resultados da área de Matemática.
Por outro lado, o “mesmo” Brasil faz parte da elite da Matemática mundial (nível 5 da Internacional Mathematical Union – IMU) com pesquisadores e professores reconhecidos mundialmente.
Já a China e outros países da região, como é o caso de Cingapura, sempre figuram entre os de melhor desempenho no PISA. Ou seja, eles têm a elite de Matemática, mas têm também uma média alta quando se avalia os alunos de ensino médio de forma geral. “É um indicador da qualidade do ensino e do sucesso das metodologias quando você não tem apenas um pequeno grupo de destaque, mas sim bons resultados médios. Queremos que a qualidade do ensino matemática seja regra como é na China, e não exceção, como é no Brasil”, afirma Adauto Caldara, membro do Conselho Gestor da Olimpíada.
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