Maranhense é selecionada para a 'I Cúpula de Jovens da Amazônia' na COP30 em Belém
Com raízes originárias no Quilombo Rampa, no interior de Vargem Grande, Ana Luiza Luz compartilha aprendizados e inspira jovens lideranças do estado, até mesmo fora do país.
MARANHÃO - "Não consigo ficar quieta enquanto não atualizo meu currículo", foi com essa mentalidade que a estudante Ana Luiza Luz dos Santos, de 20 anos, foi uma das selecionadas para participar da I Cúpula de Jovens Líderes da Amazônia, evento que reuniu representantes da região para discutir a COP30.
Durante a Cúpula de Jovens da Amazônia, realizada de 2 a 6 de outubro, Ana Luiza participou de discussões sobre meio ambiente, políticas públicas e desenvolvimento sustentável. O processo seletivo, segundo ela, exigiu comprovar engajamento com causas socioambientais.
“Foi bem simples! Preenchemos uma seleção, expondo nossa atuação com relação à área socioambiental, e, de acordo com as respostas e uma investigação social, fomos escolhidos para participar do evento. Vinte e oito jovens foram selecionados”, contou Ana.
Engajamento este que preenche o currículo de Ana Luiza com passagens pela França, como bolsista do Programa Diálogos Transatlânticos da Pour Le Brésil, participante com bolsa de estudos integral da Yale University no curso de Política, Direito e Economia, uma das três representantes do estado do Maranhão no programa ‘Jovem Deputada’, do parlamento jovem brasileiro em Brasília e cofundadora e membro do Núcleo de Estudos Socioambientais em Relações Internacionais, do Curso de Relações Internacionais da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), do qual é aluna do 6º período.
Ana conta que, mais do que um evento, a Cúpula se tornou um espaço de aprendizado e conexão entre jovens de diferentes estados, unidos por um propósito comum: pensar soluções para os desafios da Amazônia.
“Acho que todas as experiências são válidas para construir um futuro profissional que possa, nem que um pouco, impactar a comunidade. Acho que o grande ponto dessa cúpula vai ser construir em rede com outras lideranças amazônicas, fazer conexões e trazer essas experiências.”
Nascida em São Luís, Ana Luiza carrega no currículo uma trajetória acadêmica marcada por conquistas, propósito e raízes profundas. Em entrevista ao Imirante.com, a jovem relembra com orgulho que cada passo de sua caminhada é resultado do vínculo com sua ancestralidade e das histórias de sua família, originária do Quilombo Rampa, em Vargem Grande, no Maranhão.
“Toda a minha família é do Quilombo Rampa, tanto por parte de pai quanto por parte de mãe. Meus avós saíram do quilombo na década de 70, buscando mais oportunidade de emprego e educação para os filhos. Fui criada sabendo exatamente de onde viemos e sempre indo para lá", diz Ana Luiza.
As melhores memórias da minha infância são das férias e feriados que eu passava no quilombo, então não deixei perder esse sentimento de pertencimento por lá. É um sentimento de ancestralidade muito forte, que me liga a minha família, em especial aos meus avós, e que fez com que norteasse também minha vida acadêmica e uma parte da vida profissional.”, lembra ela com orgulho.
Paixão por política e desejo de transformar o mundo
Ana conta que o desejo de seguir a carreira em Relações Internacionais sempre esteve conectada a sua paixão por política nacional/internacional, por geografia, história e dentre outras matérias ligadas ao curso de RI. Durante o ensino médio, decidiu que queria compreender o mundo a partir das relações entre povos, culturas e governos e, desde então, mergulhou em programas nacionais e internacionais ligados a temas sociais e ambientais.
“Eu sempre gostei muito de estudar e acompanhar política, nacional e internacional, geografia, história, enfim, de todos esses clichês de quem faz RI. Durante o ensino médio, analisando as possibilidades de curso, vi que R.I seria o que mais se encaixaria nos meus gostos e na vida que eu queria ter no futuro: sempre estudando e envolvida com questões políticas internacionais.”, contou Ana Luiza.
Família como alicerce e inspiração
Para Ana, a base de toda essa jornada é a família, sua principal inspiração e fonte de força. “Como inspiração pessoal com certeza é a minha família, como todo. Meus avós, principalmente, são inspiração de vida e de esforço, e todos meus familiares que lutaram e se esforçaram para que eu tivesse todas as oportunidades que tenho hoje. Eles são a minha maior inspiração para fazer tudo que eu faço hoje.”
Ainda segundo ela, essa conexão com a ancestralidade também a ajuda a encarar os desafios da vida acadêmica com resiliência.
“Eu sempre costumo pensar que nenhuma dificuldade que eu vou ter na vida acadêmica ou pessoal, no alto dos meus privilégios, será maior ou pior do que tudo que meus país e avós sofreram para que eu estivesse aqui. Acredito que essas experiências pessoais, essa ancestralidade e esse entendimento da minha história familiar me ajudam a resolver essas questões”, finalizou Ana.
Agora, durante a semana da COP30, encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima, Ana Luiza também marcou presença como painelista no painel “Declaração de Jovens Líderes da Amazônia”, onde apresentou ao público o documento final da 1º Cúpula de Jovens Lideres da Amazônia e falam de perspectivas para o futuro da Amazônia, com direito a entrevista ao Jornal Nacional.
"Nós somos as pessoas que mais vamos sofrer com as mudanças climáticas do futuro. É muito importante que a gente tenha esse espaço de voz e de vez", disse Ana Luz, ao JN como liderança jovem quilombola na COP30.
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.