SÃO LUÍS - O Palácio das Lágrimas, um dos edifícios mais emblemáticos da capital maranhense, será reformado para abrigar a Escola de Música da Universidade Federal do Maranhão (Ufma). O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a universidade assinaram, na semana passada, a ordem de serviço para o início das obras de restauração do prédio localizado no Centro Histórico de São Luís.
No total, serão destinados cerca de R$ 6 milhões em recursos, como parte das ações do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) no Maranhão. As obras do Palácio das Lágrimas serão executadas pela Ufma, proprietária do prédio histórico. A previsão é que as intervenções sejam concluídas em 18 meses.
A parceria entre o Iphan e a Ufma busca fortalecer tanto a preservação do Patrimônio Cultural quanto o desenvolvimento da educação, além de atrair novos investimentos em inovação e turismo no centro da capital maranhense. "O retorno do Palácio das Lágrimas representa um ganho significativo tanto para o patrimônio edificado da cidade quanto para a população, que anseia por sua revitalização", destacou a superintendente do Iphan no Maranhão, Lena Brandão.
A obra visa adaptar o imóvel a um novo uso, preservando suas características originais. As intervenções incluem adequações arquitetônicas, recuperação de esquadrias e pisos de madeira, além da restauração de elementos históricos, como os ladrilhos hidráulicos. Também serão realizadas as instalações elétricas, de climatização e de combate a incêndio, respeitando as normas de preservação do patrimônio.
Lendas e histórias do Palácio das Lágrimas
O Palácio das Lágrimas foi construído no início do século XIX e demolido ao final do mesmo século, para dar lugar a um edifício que deveria sediar um instituto de ensino superior. O espaço então, passou a ser utilizado pela Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade Federal do Maranhão por muitos anos.
O edifício recebeu esse nome por conta das lendas e histórias que, até hoje, alimentam o imaginário popular. Mário Meireles, no seu livro São Luís - Cidade dos Azulejos, relata que o nome Palácio das Lágrimas foi dado porque ali morava um homem de boas posses que mantinha, no terceiro andar do prédio, um harém formado por suas jovens escravas.
Uma delas atraiu a paixão de um dos escravos que, por não ser correspondido, decidiu envenenar os dois filhos do senhor e esconder o vidro com os restos do veneno nos pertences da jovem, para que assim fosse acusada e condenada à morte. Ao ser levada à forca, a escrava chorava muito, chegando a molhar os degraus da escada do sobrado. De acordo com a lenda, desde então, os degraus amanheciam molhados todas as manhãs e, no imaginário popular, eram as lágrimas da escrava injustiçada.
Já o livro Guia de São Luís do Maranhão, de Jomar Moraes, apresenta a lenda de dois irmãos portugueses que resolveram “fazer a América”, chegando até o Maranhão. Um deles, comerciante, enriqueceu muito, enquanto o outro permaneceu pobre. O irmão pobre, com inveja, assassinou o rico, buscando herdar sua fortuna, já que este não possuía herdeiros legítimos. No entanto, o homem morto teve vários filhos com uma escrava, e um deles, revoltado com o assassinato do pai, arremessou o tio de uma das janelas do prédio, causando sua morte. Por ser escravo, o jovem foi condenado à morte na forca. Em direção ao seu destino, o condenado proferiu como últimas palavras: “Palácio, que viste as lágrimas derramadas por minha mãe e meus irmãos, daqui por diante, serás conhecido como Palácio das Lágrimas”.
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