SÃO LUÍS - Historiadora, pesquisadora e cantora piauiense Tertuliana Lustosa virou notícia ao fazer uma dança erótica na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), na quinta-feira (17). Ela foi Criada em Salvador. Essa não foi a primeira vez que artista causou polêmica durante um evento acadêmico e repercutiu nas redes sociais.
Tertuliana é vocalista da banda de pagode “A Travestis” e mestranda na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ela pesquisa sobre pedagogias do corpo e do prazer e já chamou atenção outras vezes por uma iniciativa intitulada “Educando com o C*”, em que defende a ideia de usar o corpo como material de ensino e aprendizado.
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A carreira musical de Tertuliana começou de forma despretensiosa. Ela costumava criar paródias de hits do "pagodão" baiano para vender brigadeiros nas praias de Salvador e, com a aceitação do público, decidiu gravar o primeiro single. A cantora ganhou notoriedade e já gravou com outros artistas, entre eles, Pabllo Vittar, com quem tem a música "Tímida".
Mulher trans, ela chegou à capital baiana logo após se formar em História da Arte na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Em entrevista ao programa Conexão Bahia, da TV Bahia, a cantora contou que chegou a distribuir currículos em Salvador, mas não conseguiu emprego formal.
“Acredito que foi por eu ser travesti porque existe uma grande barreira na nossa sociedade”, disse.
Antes de se tornar cantora, ela chegou a atuar como DJ de funk em festas LGBTQIAPN+ no Rio de Janeiro. Hoje, ela também vende conteúdo adulto em plataformas digitais.
Polêmicas anteriores
- Performance erótica na Ufba
Tertuliana já tinha levado sua iniciativa “Educando com o C*” para outra universidade, a Ufba, onde faz mestrado no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade. À época, o caso viralizou nas redes sociais. No episódio mais recente, na UFMA, a universidade afirmou que está averiguando o caso e vai tomar as providências cabíveis, “reforçando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente”, disse a instituição em nota.
“Na verdade, desde que eu fiz o primeiro evento "Educando com o C*", as pessoas já acharam um absurdo, falaram que a universidade é uma balbúrdia, mas as pessoas não entendem a produção do conhecimento”, disse a historiadora ao g1 MA. “Por onde eu for, onde eu passar, eu vou levar a minha travestilidade nordestina como forma de questionar o sistema”, completou.
- Bandeira queimada em festa
A cantora queimou uma bandeira do Brasil durante uma performance contra transfobia em uma festa, em Feira de Santana, na Bahia, a cerca de 100 Km de Salvador. O caso viralizou nas redes sociais dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro e ela foi criticada por apoiadores da família.
No Instagram, a artista rebateu as críticas sobre sua performance. ""Eu paro de queimar bandeira do Brasil quando vocês pararem de matar travestis no país que temos 35 anos de expectativa de vida e que é o que mais nos mata no mundo, combinado?", escreveu ela na ocasião.
- Música com multiartista baiana
Tertuliana também tem uma música gravada com Malfeitona (Helen Fernandes), uma multiartista baiana. Ambas gravaram “Roqueira no Paredão”. Na época do lançamento, em 2021, Malfeitona justificou a escolha da artista para o feat.
“A ‘Tertu’ foi o melhor feat possível pela própria história da música, porque ela seria a amiga perfeita para te levar para o paredão, ela é a rainha dos paredões de Salcity [apelido de Salvador]. Ela também está sendo como uma madrinha da música para mim me dando força e me ensinando caminhos", afirmou.
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