Caso Marielle

Câmara chega a 200 dias sem cassar Chiquinho Brazão

Deputado federal está preso acusado pelo assassinato de Marielle Franco; gabinete do parlamentar segue ativo na Câmara, com 24 assessores e gastos de mensais de aproximadamente R$ 124 mi.

Com informações do g1

Chiquinho Brazão está preso acusado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco
Chiquinho Brazão está preso acusado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (Agência Câmara)

Neste domingo (16), completam-se 200 dias desde que o plenário da Câmara teve a oportunidade de votar, mas ainda não o fez, sobre o processo de cassação do deputado Chiquinho Brazão, preso pelo assassinato da vereadora Marielle Franco.

O assassinato de Marielle completou 7 anos neste mês.

A última atualização sobre o processo na Casa foi a aprovação do pedido de cassação de Brazão pelo Conselho de Ética, ocorrida em 28 de agosto de 2024, mas o caso nunca foi levado ao plenário.

Brazão foi preso junto ao irmão, Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, após serem identificados como um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

A prisão do deputado foi confirmada pelo plenário da Câmara. Segundo a Constituição, prisões de parlamentares em exercício de mandato devem ser submetidas aos plenários da Câmara (para deputados) ou do Senado (para senadores).

O então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), responsável por decidir sobre as votações, não pautou o caso. Ele costumava dizer a deputados que a decisão cabia aos líderes, adiando a questão, conforme relatou a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Lira não se manifestou quando procurado.

O atual presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), também não se pronunciou sobre o assunto, apesar de questionamentos da imprensa.

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Essa demora é notável em comparação com outras cassações que receberam apoio do Conselho de Ética. A cassação da deputada Flordelis, a mais recente votada no plenário, levou apenas 64 dias após o aval do Conselho para ser pautada. A do ex-presidente Eduardo Cunha demorou 91 dias.

Outros deputados foram cassados durante esse período, mas com a perda de mandato determinada pela Justiça Eleitoral, o que apenas requer a ação da Mesa Diretora da Câmara, sem necessidade de votação no plenário.

Crítica

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) levantou a questão em plenário nesta semana, solicitando agilidade na votação do processo contra Brazão.

“É lamentável que um colega parlamentar, alguém que compartilhava o espaço conosco, continue no mandato. Este caso chocou profundamente a sociedade brasileira e mundial. O mais grave é que, desde a sua prisão, ele permanece deputado e a cassação ainda não foi votada.”

Sâmia formalizou um pedido durante a sessão para que Motta se manifestasse sobre uma data para a votação da cassação de Brazão.

Na quarta-feira (12), a Câmara realizou uma sessão solene em homenagem a Marielle Franco e Anderson Gomes.

“Estamos completando sete anos do assassinato, e com os avanços nas investigações, os mandantes começaram a ser identificados. É inaceitável que um deles continue exercendo seu mandato nesta Casa. Durante esta sessão, exigimos urgência na votação da cassação deste deputado, acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco”, disse a líder do PSOL, Taliria Petrone (RJ), que presidiu a sessão.

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) afirmou que os parlamentares não podem aceitar o adiamento da votação de Brazão.

“É vergonhoso que a cassação de Chiquinho Brazão ainda não tenha sido pautada no plenário da Câmara. Não podemos aceitar qualquer medida que adie a cassação desse acusado de ser mandante do crime contra Marielle Franco.”

Gabinete Ativo

Apesar da prisão em março de 2024 e da aprovação de sua cassação pelo Conselho de Ética, o gabinete de Chiquinho Brazão continua ativo.

No último ano, entre abril e dezembro, o parlamentar manteve 28 assessores ativos, com gastos mensais de aproximadamente R$ 124 mil. Em 2025, conforme dados da Câmara, o gabinete conta com 24 profissionais que recebem salário e, mesmo preso, é signatário de um requerimento para a criação e registro da Frente Parlamentar Mista de Dados Abertos e Governo Digital.

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