Povos originários

Em entrevista ao Imirante, ministra Sonia Guajajara fala sobre políticas de inclusão para mulheres indígenas

Durante o programa “Bom Dia, Ministra”, Sonia Guajajara anunciou a criação de um plano nacional e destacou propostas da 1ª Conferência das Mulheres Indígenas, que reuniu cerca de 5 mil participantes em Brasília.

Anne Cascaes / Imirante.com

Atualizada em 06/08/2025 às 15h39

SÃO LUÍS – A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, confirmou a construção de um Plano Nacional de Políticas Públicas voltadas às mulheres indígenas no Brasil e destacou outras pautas prioritárias que serão levadas para a COP30. A declaração foi dada em entrevista concedida ao Imirante.com nesta quarta-feira (6), por meio do programa “Bom Dia, Ministra”, veiculado nos canais da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A ministra também ressaltou a realização da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, iniciada na última segunda-feira (4) e encerrada na noite desta quarta-feira (6), em Brasília. Durante os três dias de evento, cerca de 5 mil mulheres indígenas de diversas regiões do país se reuniram para debater propostas e demandas que serão encaminhadas ao Governo Federal.

De acordo com Sonia Guajajara, 50 propostas serão formalizadas ao fim da conferência.

“Viemos nesse grupo de 5 mil mulheres de todos os estados, de todos os biomas, para, juntas, trazermos subsídios e entregarmos ao Governo Federal, com o objetivo de construir um Plano Nacional de Políticas para as Mulheres Indígenas. Hoje iremos encerrar os debates; serão 50 propostas prioritárias, e vamos assinar uma portaria conjunta instituindo um grupo de trabalho para dar andamento à construção desse plano", afirmou a ministra.

As propostas elaboradas giram em torno de cinco eixos temáticos definidos pela pasta: Direito e Gestão Territorial; Emergência Climática; Políticas Públicas e Violência de Gênero; Saúde; e Educação e Transmissão de Saberes Ancestrais para o Bem Viver.

Imirante.com participa de entrevista com ministra Sonia Guajajara sobre políticas para mulheres indígenas. (Foto: reprodução / Youtube)
Imirante.com participa de entrevista com ministra Sonia Guajajara sobre políticas para mulheres indígenas. (Foto: reprodução / Youtube)

Questionada pelo Imirante.com sobre as articulações do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) com outras pastas do Governo Federal para garantir que as propostas sejam levadas adiante, a ministra destacou a atuação do MPI na criação da primeira universidade indígena.

“Essa política dos territórios etnoeducacionais já está sendo discutida e apresentada pelos fóruns de educação indígena há quase 30 anos, e só agora conseguimos reunir todas as informações sistematizadas pelo Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena. O ministro Camilo rapidamente assumiu o compromisso, e uma portaria foi publicada, instituindo um grupo de trabalho para definirmos o modelo da primeira universidade indígena”, explicou Sonia.

No combate à violência contra mulheres indígenas, Sonia Guajajara destacou o papel da Casa da Mulher Brasileira e da Casa da Mulher Maranhense, e adiantou que uma Casa de Proteção exclusiva para mulheres indígenas está incluída no plano de políticas públicas.

“Assumimos o compromisso de fortalecer as Casas da Mulher Brasileira que já existem em alguns estados. No Maranhão, por exemplo, além da Casa da Mulher Brasileira, há também a Casa da Mulher Maranhense, que se conecta com a CMB. Já estamos discutindo a criação das Casas da Mulher Indígena, ou Centros de Referência para as Mulheres Indígenas. Nesta conferência, teremos os direcionamentos para decidir qual caminho seguir”, afirmou a ministra.

Evento histórico para as mulheres indígenas

Pela primeira vez na história, milhares de mulheres indígenas se reuniram em um espaço institucional criado especificamente para ouvi-las, acolher suas propostas e promover o diálogo direto com o Estado. O encontro contribui de forma decisiva para a construção do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres Indígenas.

Para Sonia Guajajara, o evento é resultado da luta histórica das mulheres indígenas e representa um avanço significativo.

“É importante ressaltar que as mulheres indígenas sempre fizeram suas mobilizações, apresentaram suas demandas e lutaram. A IV Marcha das Mulheres Indígenas já traz essas questões à tona. Com o Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério das Mulheres atuando conjuntamente, entendemos que era fundamental essa parceria para realizar, junto com a marcha, a 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, a fim de discutir políticas específicas, considerando que essas mulheres têm demandas distintas”, destacou.

Entrevista coletiva

Além do Imirante.com, participaram da entrevista desta quarta-feira (6) os veículos Rádio Nacional Brasília, Amazônia e Alto Solimões (EBC); Rádio Nova Brasil FM (São Paulo/SP); Rádio Guarani (Santarém/PA); Rádio Monte Roraima (Boa Vista/RR) e Rádio Difusora BandNews (Manaus/AM).

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