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É economista com experiência nacional e internacional em análises macroeconômicas e microeconômicas. Possui habilidade em análises setoriais, gestão do capital humano, orçamentos e finanças.
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Negociações externas podem potencializar prejuízos do tarifaço ao Brasil

Brasil enfrenta tarifas dos EUA e precisa agir rápido para evitar perdas no comércio exterior.

Wagner Matos - Economista

Negociações externas podem potencializar prejuízos do tarifaço ao Brasil.
Negociações externas podem potencializar prejuízos do tarifaço ao Brasil. (Divulgação)

Pessoal, na quarta-feira, 6 de agosto, entraram em vigor as tarifas de 50% sobre alguns produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos. Apesar disso, o governo e o setor produtivo exportador brasileiro continuam se esforçando para reverter esse cenário. Em paralelo, a busca por novos países para substituir o mercado americano se intensificou.

No entanto, é crucial que o Brasil observe atentamente as negociações tarifárias dos EUA com a China, Índia e outros países. Esses países não são apenas consumidores, mas também produtores de bens semelhantes aos que o Brasil exporta. Os EUA, por exemplo, são um enorme produtor de soja e milho. Em uma mesa de negociação, poderia ser acordado que a China compre mais desses produtos dos EUA, reduzindo suas compras do Brasil.

O mesmo pode acontecer com a Índia. Em uma renegociação com os EUA, a Índia optaria por fornecer mais produtos como, açúcar, frutas, pescados e outros. Países como Austrália, Argentina e até os EUA já são produtores de carne bovina e poderiam facilmente substituir o fornecimento brasileiro. Da mesma forma, a Colômbia, Indonésia e Vietnã, todos produtores de café, poderiam suprir a demanda americana. Além disso, países da União Europeia também representam um forte concorrente na oferta de produtos alimentícios. Essas informações sobre o potencial de cada país em negociação são fundamentadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e reforçam a necessidade do governo brasileiro e setor privado agirem estrategicamente.

As possibilidades estão na mesa, se forem executadas o quadro brasileiro pode agravar. Paralisações nesses setores produtivos exportadores do Brasil, vão exigir uma reorganização completa das cadeias logísticas para viabilizar novos mercados, o que demandará tempo e investimento.

Por outro lado, os EUA pressionam a Índia a parar de comprar petróleo e seus derivados da Rússia. Nesse caso, surge uma oportunidade, o Brasil voltar a ser um fornecedor significativo para a Índia, um país que importa cerca de 80% do petróleo que consome. Explorar esse relacionamento pode ser uma alternativa valiosa para compensar perdas na balança comercial brasileira.

Em suma, o Brasil precisa ficar duplamente atento, tanto à busca por novos mercados quanto às negociações entre seus principais concorrentes globais. O processo de abertura de novas frentes de exportação é primordial para evitar paralisações nas cadeias de fornecimento, demissões diretas e indiretas, declínio econômico e queda na arrecadação. Em um cenário fiscal já delicado, com altas taxas de juros e impostos, a situação se torna ainda mais nebulosa. A curto prazo, o cenário é de grande incerteza, e as perspectivas de melhora significativa só devem ser vistas no longo prazo, se o país conseguir se reposicionar de forma ágil e inteligente no tabuleiro do comércio internacional.


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