Resiliência ambiental: o maior patrimônio do Maranhão
Talvez nosso leitor não se dê conta do grande privilégio que é nascer, crescer e viver no Maranhão.
Talvez nosso leitor não se dê conta do grande privilégio que é nascer, crescer e viver no Maranhão. Para além das nossas riquezas culturais e belezas cênicas, quero trazer à tona aspectos fundamentais que tornam nosso estado único, repleto de condições para oferecer oportunidades em um momento de grave crise climática global. Estou me referindo à nossa localização estratégica. Somos transição entre ecossistemas marinhos-costeiros e terrestres.
Estamos posicionados entre os biomas da Amazônia, Cerrado e Caatinga. Na ecologia, essa diversidade representa uma capacidade maior de adaptação frente a eventos extremos.
É o que chamamos de resiliência ambiental – uma característica extremamente desejável em tempos de incertezas. O Maranhão é um mosaico vivo de ecossistemas.
Nossos manguezais funcionam como barreiras naturais contra a erosão costeira e berçários de espécies que sustentam a pesca artesanal. Nossas florestas abrigam árvores gigantes como a sumaúma, que favorece a infiltração da água no solo e contribui para o equilíbrio do clima.
Já o Cerrado maranhense, de onde nascem importantes bacias hidrográficas, nos brinda com frutíferas nativas que alimentam pessoas, animais e polinizadores. Esse conjunto de ambientes garante serviços ecossistêmicos vitais – da proteção das zonas costeiras à manutenção de um regime regular de chuvas, fundamental para a agricultura, a economia e a sobrevivência de comunidades e espécies.
Em termos simples, resiliência ambiental é a capacidade de ecossistemas e sociedades se adaptarem a condições adversas e se recuperarem com o mínimo de dano possível. Na prática, isso significa enfrentar enchentes, secas ou ondas de calor com menos impacto sobre a vida de pessoas e demais espécies. Nossa diversidade de biomas atua como um “amortecedor natural”, oferecendo alternativas de sobrevivência e adaptação que outros territórios menos diversos não possuem.
Ainda assim, essa vantagem não possui garantia ilimitada. O Maranhão tem registrado avanços importantes na redução do desmatamento: apenas no primeiro bimestre de 2025, houve queda de 63,87% no Cerrado e 41,08% na Amazônia, segundo dados oficiais da Secretaria de Meio Ambiente do Estado. É um sinal positivo, mas que não deve nos levar à acomodação.
O desafio atual é maior que conservar o que resta e frear o que ameaça nossos biomas: precisamos restaurar as áreas já degradadas. Sem restauração corremos o risco de perder justamente o que nos torna mais preparados para enfrentar as mudanças climáticas, causando prejuízos socioambientais e econômicos com alto custo.
O Maranhão deve se tornar o estado das oportunidades climáticas. Restaurar ecossistemas não é apenas devolver vida à natureza: é gerar trabalho, fortalecer comunidades vulneráveis, impulsionar a bioeconomia e garantir serviços fundamentais como a regulação climática e a segurança hídrica. Investir em restauração hoje é assegurar que nossa vantagem natural — a resiliência climática — se mantenha ao longo do tempo. É transformar o Maranhão em exemplo de adaptação, esperança e prosperidade para o país.
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