SÃO PAULO - "Quando ouvia alguém falar o vestibular está chegando, começava a chorar." A um mês da primeira fase da Fuvest, crises de estresse como as enfrentadas pela vestibulanda Hanako Mourinho, 20, tendem a aumentar, dizem psicólogos. Mas há maneiras simples de amenizar essa tensão.
A própria Hanako diz que agora consegue se acalmar, após participar de atividades de relaxamento no Cursinho da Poli, onde estuda. "Quando estou tensa ou preciso me concentrar, fecho os olhos e presto atenção na respiração."
Segundo a professora de psicologia da Unesp Sandra Leal Calais, que pesquisou a tensão na vida acadêmica, o combate ao estresse deve ser feito com base em quatro pilares: controle do pensamento, exercício físico, relaxamento e boa alimentação.
"Ficar pensando "não estou preparado" só aumenta o estresse", afirma. Para este período que antecede o começo dos exames, ela sugere que o aluno não se preocupe com o que não foi aprendido e valorize o que já domina.
Em relação ao exercício físico, o vestibulando deve escolher a atividade que mais gosta, diz o professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Zogaib, especialista em fisiologia do movimento. "Não há uma atividade ideal. A caminhada para um jovem, por exemplo, pode ter quase nenhum efeito. O estudante precisa escolher alguma coisa que lhe dê prazer."
Ele alerta que o importante é "não ultrapassar os limites". O vestibulando deve ter atenção quando estiver com suor exagerado, palpitação (batimento cardíaco desordenado), respiração ofegante, tontura ou dores musculares ou abdominais.
Para relaxar, a terapeuta corporal Mariko Sato recomenda que, antes de dormir, o aluno deixe os pés em um recipiente com água quente, de cinco a dez minutos. "Isso melhora a circulação, tanto sangüínea como de energia." Segundo ela, essa dica tem como base o do-in.
Já Hong Jin Pai, chefe da equipe de acupuntura do Centro de Dor do Hospital das Clínicas, recomenda que o aluno faça exercícios de alongamento. "Se os músculos estão tensos, o jovem fica mais estressado."
Caso o alongamento não seja suficiente, ele recomenda a acupuntura, que aumenta a produção de endorfina e de encefalina. Essas substâncias deixam as pessoas mais relaxadas, tanto mentalmente como fisicamente.
Segundo a médica acupunturista Maria Auxiliadora Soares Florentino, o tratamento faz com que haja benefícios no corpo inteiro, mas, se necessário, também pode atuar em problemas específicos. "Tem gente com estresse que sofre de dor no estômago ou fica com espinhas, por exemplo", afirma. "A acupuntura também pode atuar nisso." Maria diz que seriam necessárias de seis a oito sessões neste mês que antecede o vestibular. O preço do tratamento varia. Em média, a primeira sessão custa R$ 150, e as demais, R$ 50.
Quem não puder gastar pode usar a música para relaxar. Essa é uma das atividades para diminuir o estresse que o colégio Lourenço Castanho (zona sul de São Paulo) oferece aos alunos do terceiro ano do ensino médio. Há também relaxamento com bolas e alongamentos. A musicoterapeuta Cássia Maria de Araújo afirma que o estudante deve escolher um ritmo que lhe agrada para se distrair em casa. "Se gostar de rock, ouça rock, tudo bem. O importante é se sentir bem."
Além de aproveitar as sessões na escola, o vestibulando Bernardo Machado, 17, leva a sério a música como atividade para aliviar a tensão. Todos os dias, ele separa duas horas para tocar piano ou ouvir música para relaxar. Ele também usa técnicas de respiração (inspiração pelo nariz e expiração pela boca). "Fui mal em um simulado. Essas coisas me ajudam a diminuir a tensão", afirma.
Segundo a psicóloga Lívia Márcia Batista de Andrade, o estresse aumenta o nível de ansiedade e faz com que os estudantes fiquem irritados, muito sensíveis (com crises de choro, por exemplo) e tenham problemas com a memória. Ela recomenda que, se os sintomas ficarem intensos por mais de um mês, o vestibulando procure ajuda médica, já que pode entrar no grau mais elevado de estresse.
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