Daiane dos Santos: 'Não sei se estou 100%'

O Globo

Atualizada em 27/03/2022 às 15h01

ATENAS - O joelho direito da campeã mundial de solo Daiane dos Santos fez o coração da ginástica brasileira bater em ritmo de preocupação. Na terça-feira, no primeiro dia de treinamentos em Atenas, a própria atleta, o técnico Oleg Ostapenko e a chefe da equipe, Eliane Martins, admitiram claramente a apreensão com as repetidas dores no joelho direito, em que Daiane foi operada há 47 dias.

- Não sei se estou 100%, mas estou dando 100% de mim. Já fiz toda a seqüência da série, mas sinto dor para fazê-la. Estou um pouco nervosa. Espero fazer a minha série completa e se vier a medalha, melhor. Mas vai ser difícil a medalha, por causa dos adversários, da dor no joelho, de tudo - disse, a respeito da pressão e da expectativa enorme que há em torno de uma possível medalha de ouro no solo.

Depois de exame, o médico Mário Namba, da delegação de ginástica brasileira, considerou as dores normais:

- É normal ela sentir dores, porque o solo é novo. Além do que, ela está fazendo fisioterapia duas vezes por dia.

Na terça, até mesmo Oleg Ostapenko, sempre cauteloso nas palavras, mostrava a fisionomia fechada e deixava clara a preocupação.

- Preocupa um pouco. Quero conversar com o médico. Ele tem um remédio para diminuir as dores. Talvez ele só queira usar esse remédio mais tarde, mas a preocupação é tirar as dores dela agora - afirmou o técnico, que além de ser orientador de Daiane, tem por ela carinho praticamente igual ao de um pai.

Segundo Eliane Martins, na terça mesmo Daiane seria submetida, na Vila Olímpica, a uma reavaliação do joelho:

- Em um dia, ela faz tudo bem, nada sente. No outro, queixa-se de dores. Isso é preocupante, porque não há uma constância. E agora, já está muito perto da competição.

Eliane negou categoricamente que Daiane vá ter de fazer sacrifício:

- No sacrifício, a gente não vai pôr. Não vale a pena. Pode ter conseqüências mais graves. Sacrifício, jamais.

Daiane disse que talvez tenha sentido as dores porque o solo do ginásio do Centro de Treinamento de Dedadlos, parte do complexo de Dekelia, está duro por ter sido construído recentemente.

- Acho que as dores foram porque o solo está duro. Todas sentem - disse a ginasta, tentando minimizar o problema.

De qualquer forma, é a primeira vez que tanto Oleg quanto Eliane e a própria atleta se mostram tão preocupados. Curiosamente, a fisioterapeuta que cuida de Daiane e da seleção, a paranaense Gracia Kersten, que estava acompanhando a equipe no Centro Esportivo de Koncha-Zaspa, em Kiev, na Ucrânia, até domingo, não veio. Isto porque, de acordo com o Comitê Olímpico Brasileiro, a delegação que trouxesse seu médico não poderia ter fisioterapeuta, e vice-versa.

Além de Daiane, as demais integrantes da equipe feminina e Mosiah Rodrigues treinaram em dois períodos, em um total de cinco horas.

- O ginásio está muito bom e temos de nos adaptar ainda melhor aos aparelhos (semelhantes àqueles em que elas treinaram durante nove dias na capital ucraniana). O lugar é bom, o clima de competição aumenta. Vem o nervosismo — disse Daiane, elogiando a Vila Olímpica e lembrando que o Brasil foi a primeira seleção de ginástica a chegar a Atenas.

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