20 de novembro

Avanços no Dia da Consciência Negra são “extraordinários”, diz Fundação Palmares

Presidente da Fundação Palmares afirma que país evoluiu em políticas de igualdade racial, mas ainda enfrenta desafios estruturais.

Ipolítica, com informações da Agência Brasil

João Jorge Santos Rodrigues, presidente da Fundação Palmares
João Jorge Santos Rodrigues, presidente da Fundação Palmares (Valter Campanato/Agência Brasil)

BRASÍLIA, DF – A comemoração do Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), reforça que o Brasil registrou avanços “extraordinários” nos últimos 60 anos em políticas de igualdade racial, segundo o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Santos Rodrigues. Ele destacou que conquistas como cotas raciais, proteção a territórios quilombolas e a criação do Ministério da Igualdade Racial refletem o impacto das lutas históricas do movimento negro.

Reconhecimento e desafios

Em entrevista à Agência Brasil, Rodrigues afirmou que líderes como Abdias Nascimento e Lélia Gonzalez contribuíram para uma sociedade mais democrática. Mesmo assim, alertou que o cenário ainda está longe do ideal, com obstáculos persistentes na promoção da igualdade racial.

Ele comparou o racismo brasileiro a práticas estruturais de outros países e classificou o fenômeno nacional como “sistêmico, sofisticado e permanente”.

Segundo ele, episódios como chacinas no Rio de Janeiro, na Bahia e em São Paulo refletem uma violência que atinge sobretudo a população negra.

Avanços citados pelo presidente da Fundação Palmares

  • Políticas de cotas raciais em universidades e concursos.
  • Criação do Ministério da Igualdade Racial.
  • Proteção e regularização de territórios quilombolas.
  • Maior debate público sobre racismo e direitos da população negra.

Serra da Barriga: memória e resistência

Rodrigues também enfatizou o papel histórico da Serra da Barriga, em Alagoas, local do Quilombo dos Palmares, considerado o maior e mais duradouro das Américas. O Parque Memorial Quilombo dos Palmares é mantido pela Fundação como espaço de preservação da memória afro-brasileira.

Ele lembrou que entre 2018 e 2022 não houve atividades comemorativas ao Dia da Consciência Negra na Serra. Para o presidente, o feriado nacional, instituído pelo governo federal, é fundamental para “pautar a causa da justiça e da igualdade de oportunidades”.

O dirigente afirma que a população negra merece reparações históricas e que, embora avanços existam, não ocorrem “na velocidade que meus antepassados sonharam”.

Entender o passado, preservar a história

De acordo com Rodrigues, ampliar a compreensão histórica é essencial para valorizar a memória de grupos marginalizados, como indígenas, mulheres, trabalhadores pobres e os protagonistas de episódios como Canudos e a Revolta dos Malês.

Ele destacou ainda melhorias recentes no acesso e na preservação da Serra da Barriga, que agora oferece mais informações a visitantes brasileiros e estrangeiros.

Igualdade racial mais presente no debate público

A secretária-executiva do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), Larissa Santiago, também avaliou que o país avançou no tema. Para ela, o Brasil hoje discute igualdade racial “com mais clareza e capilaridade”, graças ao fortalecimento das políticas educacionais e às leis de cotas ampliadas.

Segundo Larissa, o aumento de estudantes e professores negros nas universidades fortalece perspectivas de raça, classe e gênero nas salas de aula.

Principais resultados das políticas de igualdade racial

  • Maior presença de pessoas negras em universidades federais e institutos técnicos.
  • Ampliação de cotas no serviço público.
  • Formação de mais docentes negros, capazes de abordar temas de raça e identidade.

Saúde e segurança ainda são desafios

Apesar dos avanços, Larissa ressalta que o Brasil enfrenta desafios estruturais, especialmente em um país de dimensões continentais. Ela citou dois pilares essenciais para o avanço da igualdade racial:

  • Saúde pública plena, com acesso efetivo para a população negra.
  • Segurança pública eficiente, capaz de reduzir a violência que atinge majoritariamente pessoas negras.

Para a secretária, políticas de igualdade racial precisam atuar de forma transversal em várias áreas do governo para alcançar resultados concretos.

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