Fenômeno geológico

Entenda o que são as voçorocas, enormes crateras que já 'engoliram' casas e ameaçam bairros em cidades do Maranhão

As voçorocas chamam atenção devido à profundidade e o risco provocado aos moradores que vivem em áreas próximas.

Imirante.com

Voçoroca ameaça 'engolir' casas em cidades do Maranhão.
Voçoroca ameaça 'engolir' casas em cidades do Maranhão. (reprodução / JN)

BURITICUPU - Os enormes abismos que chegam até 70 metros de altura e 500 metros de comprimento, conhecidos como voçorocas, ganharam repercussão nacional após ameaçar 'engolir' casas e bairros inteiros em cidades do Maranhão.

As voçorocas chamam atenção devido à profundidade e o risco provocado aos moradores que vivem em áreas próximas. Na madrugada desta terça-feira (2), um policial militar aposentado ficou ferido após cair dentro de uma dessas crateras, a uma profundidade de cerca de 80 metros, em Buriticupu, cidade a 415 km de São Luís, e uma das mais afetadas pelo fenômeno.

Mesmo com a repercussão recente do caso das voçorocas, os primeiros registros desse tipo de erosão tiveram início por volta da década de 1980 no Maranhão.

Em Buriticupu, por exemplo, as crateras se formaram a partir da rápida expansão urbana e como consequência do desmatamento da vegetação nativa em áreas de alta declividade, é o que explica o professor Fernando Bezerra, do programa de pós-graduação em Geografia, Natureza e Dinâmica do Espaço, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

Voçorocas

As crateras são pequenos fenômenos geológicos que surgem como fendas no solo, geralmente provocadas pela água da chuva. Se nada é feito para conter, uma cratera pode chegar ao grau de voçoroca, quando atinge um lençol freático.

Essas crateras surgem a partir de processos de erosão acelerados pela ação da chuva, devido às enxurradas, em áreas com solos sem cobertura vegetal.

Segundo o professor Fernando Bezerra, o surgimento de novas crateras podem ser prevenidas para evitar tragédias de maiores proporções. Para isso, é necessário investir na proteção do solo com a cobertura da manutenção vegetal da área próxima, principalmente em locais com alta declividade e próximo as nascentes de rios. 

Além disso, deve-se evitar queimadas e desmatamento em áreas próximas, devido à instabilidade do solo. E para uma maior eficácia, as autoridades também precisam investir em infraestrutura com esgotamento sanitário, drenagem urbana e retirar da região a população em torno das cabeceiras das crateras.

Imóveis engolidos

Nos últimos 10 anos, só uma voçoroca engoliu três ruas e mais de 50 casas em Buriticupu. Parte da Vila Santos Dumont desapareceu completamente e as casas que ainda não desabaram estão próximas aos barrancos e foram abandonadas. A família do serralheiro João Otávio Farias perdeu 14 casas de aluguel.

Os enormes abismos já fizeram desaparecer parte do bairro Nestor Lemes, em Bom Jesus das Selvas. A cidade tem 28 anos de emancipação, e quando ainda pertencia ao município de Santa Luzia, a rua 7 de Setembro era uma das principais da cidade e, agora, está praticamente cortada pela voçoroca que já engoliu outras ruas próximas. Muitas casas desabaram com as erosões e outras foram abandonadas pelos moradores.

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