Um mês após queda de ponte, ainda há três desaparecidos e agrotóxicos no fundo do Rio Tocantins
Não será possível fazer a retirada da carga de agrotóxicos no período úmido, que se estende até fim de abril, explica Ibama.
ESTREITO - Um mês após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), três pessoas permanecem desaparecidas. O carro que ficou preso em uma fenda da ponte segue no mesmo local. Além disso, as bombonas de agrotóxicos que estavam em caminhão também seguem no fundo do Rio Tocantins.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) informou que, provavelmente até o fim de abril, não será possível fazer a retirada dessa carga de agrotóxicos.
Duas carretas com ácido sulfúrico e uma carregada com agrotóxicos caíram com a ponte. Para o atendimento à emergência, as empresas transportadoras de produtos perigosos e a empresa dona da carga de agrotóxicos, contrataram empresas de resposta a emergências químicas.
Foram realizados mergulhos no mês de janeiro, até o dia 9 do mês, com a retirada de 29 bombonas com 20 litros de agrotóxicos, cada.
A partir do dia 10 de janeiro, os trabalhos de mergulho e retiradas das bombonas foram suspensos devido ao aumento de vazão de água da Usina Hidrelétrica de Estreito, impossibilitando operações para continuidade da retirada dos recipientes com agrotóxicos.
Considerando as dificuldades relacionadas à profundidade do rio no local do acidente, mais de 40m, a vazão de água, visibilidade entre outros aspectos, estimou-se a necessidade de 145 dias de mergulhos para a retirada de todo o material do leito do rio, conforme indicado no Plano de Mergulho da Empresa Port Ship, contratada pela Ambipar para a atividade.
A realização de mergulhos no local só é possível (de maneira segura e eficaz) quando a vazão do rio está em aproximadamente 1.000 m³/s. Esta vazão só é possível por ações de controle realizados pela Usina de Estreito, controlada pelo Consórcio Estreito Energia (Ceste).
Com o aumento da vazão, todas as ações de mergulho ficam prejudicadas. Também por isso é esperado que as bombonas se desloquem da área do acidente, podendo insurgir em localidades distantes.
O Ibama afirmou que foi solicitado ao Consórcio Estreito Energia apresentação de previsão da vazão à jusante da Usina de Estreito e a previsão de abertura de possíveis janelas para mergulho. Em resposta, o Ceste informou não ser possível garantir janelas de mergulhos no período úmido, que se estende até fim de abril. Diante disso, os trabalhos que envolvem mergulho deverão ficar suspensos até alteração do cenário, segundo o Ibama.
Repasse
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), por meio da Defesa Civil Nacional, autorizou, nesta terça-feira (14), o repasse de R$792.968,00 para ações de resposta, no município de Estreito, no Maranhão, após desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na BR-226, que ligava o município maranhense a Aguiarnópolis, no Tocantins, no dia 22 de dezembro de 2024.
O valor destinado a cada município é definido por critérios técnicos da Defesa Civil Nacional e variam conforme o valor solicitado no plano de trabalho, magnitude do desastre e número de desabrigados e desalojados, entre outros parâmetros.
A portaria com os repasses foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). Confira: Portaria nº 74 Estreito (MA) - R$ 792.968,00
Acessos para balsas
As obras de construção do acesso para balsas entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) começaram 24 dias após desabamento da ponte Juscelino Kubitschek. A empresa que ficará responsável pela travessia de veículos e passageiros no rio Tocantins foi contratada, pelo valor de R$ 6,4 milhões.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que está atuando para atender as demandas da Marinha e que somente após a conclusão dos acessos e outras exigências será possível divulgar a data para que o serviço comece. As balsas que irão atender a comunidade já chegaram no local.
Construção de nova ponte
O Dnit publicou no dia 31 de dezembro de 2024, no Diário Oficial da União (DOU), a contratação da empresa que vai construir a nova ponte sobre o Rio Tocantins, na BR-226/TO.
A partes da ponte que continuaram em pé vão começar a ser demolidas ainda no mês de janeiro. A expectativa é que essa fase demore cerca de um mês e meio para ser finalizada.
Confira as etapas previstas:
- Entre março e junho - fase de infraestrutura;
- A partir de abril - obra entrará na etapa dos pré-moldados ou pré-fabricados, com previsão de conclusão em outubro;
- Entre abril e dezembro - superestrutura, fase que começará em abril e deve se estender até dezembro;
- Entre junho e setembro - fase de mesoestrutura;
- Entre novembro e dezembro - pavimentação e acabamentos.
Vítimas localizadas e resgatadas
- Lorena Ribeiro Rodrigues, de 25 anos, era natural de Estreito (MA) mas morava em Aguiarnópolis (TO). O corpo dela foi localizado no domingo (22);
- Lorranny Sidrone de Jesus, de 11 anos. O corpo dela foi localizado na terça-feira (24). Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, que saiu de Dom Eliseu (PA) e que caiu no rio Tocantins;
- Kécio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. O corpo dele foi localizado na terça-feira (24). Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas;
- Andreia Maria de Souza, de 45 anos. O corpo foi encontrado na terça-feira (24). Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico;
- Anisio Padilha Soares, de 43 anos. O corpo dele foi localizado na quarta-feira (25);
- Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos. O corpo dela foi localizado na quarta-feira (25);
- Elisangela Santos das Chagas, de 50 anos. O corpo dela foi encontrado por mergulhadores na manhã da quinta-feira (26). Ela estava em uma caminhonete, junto com o marido, o vereador Alison Gomes Carneiro (PSD);
- Rosimarina da Silva Carvalho, de 48 anos. O corpo dela foi localizado também na quinta (26);
- Alison Gomes Carneiro, de 57 anos. O vereador do PSD teve o corpo localizado na manhã de domingo (29). Ele estava na caminhonete com a esposa, Elisangela Santos, que também morreu na tragédia.
- Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos. O corpo dela foi retirado do rio na terça-feira (31) e estava dentro de um veículo. Ela viajava com a filha, Cecília de três anos e o marido, Jairo Silva Rodrigues. Apenas ele sobreviveu a tragédia.
- Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos. O corpo dela foi retirado do rio na terça-feira (31). A menina viajava com a mãe, Cássia e com o pai, Jairo Silva Rodrigues.
- Beroaldo dos Santos, de 56 anos. O corpo foi localizado em uma cabine de um caminhão. A vítima foi retirada da água no fim da manhã de quarta-feira (1º).
- Marçon Glei Ferreira, de 42 anos. O corpo dele foi encontrado no rio Tocantins, na manhã de sexta-feira (3).
- Alessandra do Socorro Ribeiro, de 40 anos. O corpo dela foi encontrado no Rio Tocantins na manhã de sábado (4).
Tragédia
A Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desabou sobre o Rio Tocantins desabou na tarde do domingo, 22 de dezembro de 2024. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do governo federal, o desabamento aconteceu porque o vão central da ponte cedeu. O órgão abriu uma sindicância para apurar as causas e efetivar as responsabilizações pelo desabamento.
Uma sala de crise para nivelar as informações sobre as análises de qualidade da água do rio Tocantins foi instituída pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com a participação de vários órgãos ambientais.
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