Investigação

Mulher negra tem carrinho de bebê vistoriado por suspeita de furto em supermercado de Imperatriz

Nas imagens gravadas por celular, a mulher relata o constrangimento e diz que nada foi encontrado.

Tátyna Viana/Imirante.com

Atualizada em 19/04/2023 às 22h19

IMPERATRIZ - Uma mulher negra, acompanhada de duas crianças, teve o carrinho de bebê e objetos pessoais vasculhados e espalhados pelo chão, por suspeita de furto. O caso aconteceu nessa terça-feira (18) quando ela fazia compras em um supermercado localizado na avenida Babaculândia, em Imperatriz. Nas imagens gravadas por celular durante a abordagem, a mulher relata o constrangimento e diz que nada foi encontrado junto ao seus pertences.

“Tô aqui com duas crianças sendo acusada de roubo”, disse a mulher. “Segurança já saiu e minhas coisas tão tudo aqui, diz que eu tinha colocado um Danone dentro do carrinho”, completou. 

Um boletim de ocorrência foi registrado, e a advogada dela está tomando as providências para que a empresa seja responsabilizada, diante da acusação falsa que a defesa considera mais grave por se tratar de um caso de racismo. 

“Isso acontece porque não há uma cultura de preparação do corpo profissional que lida diretamente com os consumidores para lidar com um problema grave que é o racismo que existe no Brasil. Muitas vezes se olha pra pessoa negra com desconfiança é isso se reproduz nos ambientes comerciais e se vê com mais frequência nos supermercados e shopping centres por ter um fluxo maior de pessoas”, disse o advogado Marlon Reis, que tem atuado em causas semelhantes na defesa de outras pessoas vítimas de racismo.

A advogada Sarah Martins disse que nenhum represetante do supermercado interveio durante a abordagem que além de absolutamente desnecessária claramente extrapolou qualquer limite imaginável.

"É indescritível o quão lamentável foi não só o ocorrido, mas todo o tratamento dado no momento à vítima, a sua mãe e filhas que estão devastadas.

Ninguém do Supermercado interveio durante a abordagem que além de absolutamente desnecessária claramente extrapolou qualquer limite imaginável, nenhum suporte foi dado à vítima que ouviu dos funcionários que deveria se acalmar para “evitar tumulto e não fazer as filhas chorarem”. Em outros termos, ainda foi colocada como responsável pela humilhação que viveu.

Foi registrado boletim sobre o ocorrido, e já foram solicitadas as gravações do circuito de câmeras do estabelecimento. A equipe do Mateus nos procurou, porém desmarcaram de última hora a reunião que estava agendada e até o momento não apresentaram nenhum posicionamento, seja sobre o caso ou medidas aplicadas pela Empresa. Já estamos trabalhando na aplicação das medidas cabíveis", Sarah Martins, advogada da vítima.

Em contato com o Imirante.com, a assessoria de imprensa do supermercado falou sobre o caso. “Esclarecemos que a conferência de cupons fiscais na saída das lojas de atacarejo é um procedimento comumente adotado por empresas do segmento, e nossos procedimentos não são movidos por preconceito ou discriminação, comportamento que repudiamos veementemente”, diz a nota.

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