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De Olho na Economia
É economista com experiência nacional e internacional em análises macroeconômicas e microeconômicas. Possui habilidade em análises setoriais, gestão do capital humano, orçamentos e finanças.
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Brasil supera os EUA em exportações de soja para China em 2024: Uma análise completa

A forte colheita e os preços competitivos ajudaram a superar a participação de mercado dos EUA.

Wagner Matos/Economista

Em 2024, o Brasil superou os Estados Unidos em exportações de soja para a China, um marco histórico para o agronegócio brasileiro. Este artigo analisa esse feito, explorando suas causas, implicações e o futuro do mercado de soja.

A China, o maior importador agrícola do mundo, divulgou no dia 20.MAR.24, os dados da Alfândega Chinesa, onde informava o comportamento das importações da soja. A China aumentou as suas compras de soja do Brasil em 211% no comparativo com o ano anterior. A forte colheita e os preços competitivos ajudaram a superar a participação de mercado dos EUA. 

De acordo com os dados da U.S. Census Bureau e Ministério da Agricultura do Brasil, essas informações que foram utilizadas no gráfico anexo, apontam um comparativo das exportações de soja do Brasil com os EUA. Principalmente, durante o período de pico de remessas dos EUA, onde mais de 60% das exportações anuais de soja dos EUA ocorrem entre outubro e janeiro, quando a oferta brasileira de grãos está baixa. Este ano, as exportações de soja dos EUA para a China totalizaram 17,5 milhões de toneladas, durante esse período de 4 meses, apenas 2,8 milhões de toneladas a mais que o Brasil. Essa lacuna nos últimos anos, fora de 2018-19 e 2019-20, seria de no mínimo 13 milhões de toneladas e possivelmente podendo chegar até 25 milhões de toneladas.

Para ter uma visualização do comportamento, veja o gráfico, as colunas cinzas representam as exportações do Brasil e as colunas laranjas representam as exportações dos EUA

 
 

Os volumes da soja brasileira para China foram maiores do que os dos EUA, durante os meses de novembro e dezembro de 2023, geralmente esses meses representam o período de pico das exportações americanas. A soja dos EUA e do Brasil enviadas para a China entre outubro e janeiro, foram 46% dos brasileiros, acima dos 29% dos dois anos anteriores. Apesar dos maiores volumes de fornecimento para China, fora dos períodos de pico. Ainda assim, não mudou a composição de participação das exportações do Brasil, que é cerca de 73% de todas as exportações brasileiras de soja no ano de 2023.

Os exportadores dos EUA sentiram está perda de mercado, uma vez que os embarques totais de outubro a janeiro foram os mais baixos dos últimos 4 anos, e uma queda acentuada em relação ao ano anterior. Cerca de 63% de todas as exportações de soja dos EUA ocorrem entre outubro e janeiro, quando a oferta brasileira de grãos é menor. Nessa janela foram para a China, um fornecimento abaixo da média de 68%. As importações totais no período de janeiro a fevereiro registraram a menor baixa em 5 anos, 13 milhões de toneladas. Segundo os dados da Alfândega Chinesa no início deste mês (março), as margens foram prejudicadas pelo fraco nível de esmagamento das indústrias chinesas e por menos chegadas de navios durante os feriados do Ano Novo Lunar que dura uma semana.

Entretanto, devemos avaliar os riscos da dependência de um único país comprador, que podem gerar incertezas futuras, como aconteceu com os EUA recentemente. Mesmo com o aumento nos volumes, a composição das exportações do Brasil ainda é concentrada na China, com cerca de 73% de todas as exportações brasileiras de soja em 2023 indo para o país asiático.

O Brasil também tem interesse de exportar grãos (milho, soja e outros produtos) por meio do porto de Chancay, no Peru, que é controlado pela China. O porto peruano viabilizaria os envios de mercadorias por caminhão, o embarque para a Ásia via oceano pacífico, reduziria o tempo de trânsito em cerca de duas semanas. O transporte pelo porto vira uma alternativa logística ao Canal do Panamá, onde os navios têm enfrentado constantes atrasos e congestionamentos devido ao impacto das condições climáticas secas sobre os níveis de água do canal.

Em resumo, temos o Brasil superando os Estados Unidos em exportações de soja para China em 2024, que é um marco histórico para o agronegócio brasileiro. O país se consolida como gigante no mercado global de soja com destaque para a sua inovação tecnológica e ganho de produtividade. E a colheita da soja no Brasil para o ciclo 2023/24 está em andamento, nesta última quinta-feira (21.MAR.24) atingiu 63% da área plantada, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e da consultoria AgRural. Se continuarmos nesse ritmo do início de 2024, teremos mais um ano de bons resultados ao agronegócio brasileiro, mas devemos monitorar a cotação internacional.

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