Em recente visita ao Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM), surpreendeu-me, logo na entrada, o odor de mofo, e isso indicou que não ficaria ali por muito tempo, pois sou alérgico. Rapidamente pedi ajuda a um funcionário, e enquanto o acompanhava, observei outros problemas: rachaduras nas paredes; fiações elétricas expostas; extintores vencidos; paredes sujas e cheias de mofo; o teto não tem sistema de sprinklers; não tem plano de combate a incêndio; não tem para-raios; há pombos no telhado e os piolhos daquelas aves andam pelas paredes; etc. Assim, após consultar o sistema ele disse que ali não havia documentos sobre o meu objeto de pesquisa.
O APEM está localizado na Rua Nazaré, nº 218, Centro Histórico de São Luís, próximo à Praça Benedito Leite. É o primeiro arquivo público do Estado, criado por meio do Dec nº 339, de 14/11/1932, e um dos 16 órgãos da Secretaria de Estado da Cultura. Aquele prédio, que há muito parece não receber a mínima atenção do Poder Público, guarda grande parte da História do Estado, além de alguns documentos da História do Brasil. Apesar do seu notório abandono, sempre há estudantes e pesquisadores em busca do conhecimento que ali tem sido cuidadosamente guardado e que está à disposição de todos os interessados, sejam da capital, dos interiores, de outros estados ou até mesmo de outros países.
O Brasil, diferentemente dos seus ídolos, não costuma preservar sua História. Na verdade, parece é empenhar-se sempre em apagar seu passado, pois assim, sem História, não há provas dos descasos, das omissões, das irresponsabilidades, das incompetências e dos crimes. Ou seja, o país sempre será um reu primário cujos bons antecedentes fundamentam-se em jeitos tortos de administrar o patrimônio público.
A prova disso é que em menos de 20 anos o país perdeu muito da sua História com esses cinco incêndios: 1º) Instituto Butantan em 2010; 2º) Memorial da América Latina em 2013; 3º) Museu da Língua Portuguesa em 2015; 4º) Cinemateca Brasileira em 2016, todos em São Paulo; e 5º) Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, em 2018. (Fonte: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-um-pais-sem-memoria/).
No intuito de evitar a perda do acervo do APEM os problemas foram informados, até o momento: 1º) Secretaria de Cultura, em 30/07, via e-mail (ascomculturama@gmail.com); 2º) Ministério Público Estadual, em 07/08, via site da Ouvidoria, Protocolo nº 30926082024; 3º) Corpo de Bombeiros, em 08/08, via tel 193, Protocolo nº 2024080810561493175; 4º) à Secretaria de Infraestrura, em 12/08, via e-mail (chefiagab.sinfra@gmail.com); 5º) Defesa Civil, em 12/08, via e-mail (cedecma@hotmail.com); 6º) Comandante Geral do Corpo de Bombeiros, em 14/08, via e-mail (cbmma@cbm.ma.gov.br); 7º) Defesa Civil, em 15/08, via outro e-mail (cepdec@cbm.ma.gov.br).
A té agora apenas a SINFRA acusou o recebimento e informou ter enviado o relato para a área técnica responsável e que assim que obtiver resposta, enviará para o meu e-mail. Diante do exposto é que se evidenciam algumas perguntas: quando será o incêndio do Arquivo Público do Estado do Maranhão? Quem será responsabilizado pela perda do acervo histórico tutelado pelo APEM? Quem alegará que não sabia daqueles problemas?
*Ivanilson Souza é cidadão e pesquisador
Saiba quem disputa as eleições em São Luís.
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