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José Linhares Jr é jornalista e editor de política no Imirante.com
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Lahesio Bonfim e a nulidade da direita maranhense

O lançamento de uma "pré-candidatura" avulsa e sem articulação com a própria corrente que diz representar reflete a impotência de uma direita que não tem a mínima chance de dar certo.

José Linhares Jr / Editor do Ipolítica

Atualizada em 27/01/2025 às 11h03

Sem conversas com demais setores, sem planejamento, sem articulação e completamente isolado, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (NOVO), foi o primeiro político do estado a anunciar pré-candidatura ao governo do Maranhão. Em evento recente, ele deu a “largada” para a pré-candidatura que reflete divinamente bem a imaturidade e impotência da chamada “direita maranhense”. 

GOLPE DE SORTE 

Em 2022, Lahesio conseguiu catalisar a insatisfação com os oito anos do governo Flávio Dino e ligar-se ao recente bolsonarismo no estado. Em uma eleição surpreendente para um marinheiro de primeira viagem, Bonfim atingiu 857.744 votos. Superando em quase 150 mil votos a campanha milionária do senador Weverton Rocha, que terminou a eleição em 3º lugar.  

Apesar da grande votação de Lahesio e de Bolsonaro (983.861), entre todos os bolsonaristas declarados apenas a deputada Mical Damasceno conseguiu eleger-se e superar a barreira dos 50 mil votos. O que, em uma análise superficial imediata aponta para um déficit altíssimo de estratégia e articulação. 

Afinal, como chegar a quase UM MILHÃO de votos e eleger apenas UM deputado estadual? 

Antes que alguém levante a mão e grite: Yglésio! Cabe uma precaução. Apesar de hoje ser um expoente da direita local, Yglésio foi eleito em 2022 no PSB. 

APASAR DE LAHESIO, NÃO POR CAUSA DE LAHESIO 

Mesmo sendo um candidato que se apresenta como sendo direita, Lahesio não fez uma campanha que demonstrasse conteúdo diferente do populismo social-democrata petista chinfrim que aprisiona o Maranhão no atraso. Suas propostas em, muito pouco, diferenciavam do que falavam Brandão, Weverton, Edivaldo e os demais. Forma diferente, mesmo conteúdo.  

Lahesio não falou de privatizações. Não fez propostas mais duras na luta contra o crime. Também não apresentou um plano para enxugar a máquina. Nem de longe apresentou um programa de choque de capitalismo que aumentasse a riqueza no estado. E muito menos colocou no horizonte uma estratégia que melhorasse o ambiente de negócios no Maranhão. 

O discurso de Lahesio foi cagado e escarrado o de Flávio Dino em 2014: “Precisamos mudar porque o que está aí não é bom”. O resultado da mudança todos conhecem. 

Aliás, Lahesio precisava de apenas 45 mil votos a mais para levar a eleição para o segundo turno em 2022. E, possivelmente, sua campanha de muita forma e pouco conteúdo pode ter ajudado Brandão a liquidar a fatura já no primeiro turno. 

Jair Bolsonaro teve cerca de 130 mil votos a mais que Bonfim. Se pouco menos da metade destes eleitores tivesse votado em Lahesio, o segundo turno seria garantido.  

Pela campanha covarde e genérica que fez, além de declarações bisonhas antes da eleição, Lahesio não conquistou todos os eleitores de Jair Bolsonaro. Até os que votaram o veem com desconfiança.  

O FUTURO REPETINDO O PASSADO 

Passados dois anos daquela eleição, a tendência de aumento da votação da recente direita no estado é indiscutível. Como também a ocupação de espaços. Vereadora na capital, suplente de federal assumindo, deputados estaduais e dezenas de candidatos competitivos em várias cidades. Mesmo assim, persistem a incapacidade e a impotência estratégicas.  

A vereadora não se reúne com o deputado estadual, que nunca visitou o federal, que acha que todo mundo lhe deve obediência e que fala mal da deputada estadual. Todos descolados carregando a mesma bandeira e sem condições de fazer uma simples reunião juntos. 

Enquanto o grupo governista/comunista tenta um consenso e negocia mesmo em meio a uma guerra civil canibal, Lahesio não teve o traquejo de articular com o resto da direita maranhense sua pré-candidatura. Meteu a mão na mesa, disse que será ele e pronto. Nem Brandão, governador do Maranhão, tem a coragem de fazer isso. Ou melhor: é burro o suficiente para fazer isso.

Chamar essas pessoas de incapazes é eufemismo. 

E toda essa incapacidade pode ser observada na percepção, ou melhor, na falta dela, de Lahesio Bonfim, que deveria mirar o Senado ao invés de apostar no governo. Quem diz isso são os fatos, não eu. 

Vamos aos fatos: 

Com a inevitável entrada de Braide na disputa (assunto para outro texto), Lahesio terá um adversário na oposição que não teve em 2022. Aliás, Braide já lidera TODAS as pesquisas de intenção de voto para o governo em 2026. 

A pacificação no grupo governista no entorno de Felipe Camarão irá colocar outro player com grande musculatura na disputa desidratando ainda mais as chances de Bonfim. 

Em suma: a disputa em 2026 não será a moleza que foi 2022. Enfrentando a máquina do governo e o político mais popular do estado juntos, a tendência é que Lahesio termine em terceiro. Fato! 

Na disputa pelo Senado o cenário seria completamente diferente. Bonfim disputaria duas vagas contra adversários indiscutivelmente mais fracos e menos conhecidos que ele. Excetuando-se Carlos Brandão, caso entre em acordo com Felipe Camarão e decida entrar. 

Assim como Braide já lidera as intenções de voto para governo, Bonfim entraria como líder nas intenções de voto para o senado. O que iria cristalizar o apoio total de Jair Bolsonaro à sua candidatura uma vez que o próprio ex-presidente já afirmou que as forças em 2026 estarão direcionadas para a eleição de senadores.  

Eleito senador em um Senado com maioria conservadora, Lahesio iria ter lastro para poder pavimentar não apenas o próprio caminho para o Palácios dos Leões em 2030 e 2034, mas meios para aumentar a base de vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais. Tempo não lhe falta, Lahesio tem apenas 46 anos.  

Contudo, não há de se contar com senso de estratégia e inteligência em uma direita guiada pelo ego, alienação e pela insensatez.  

E isso não é exclusividade de Lahesio. As lideranças da direita maranhense são burras em sua totalidade, não em partes. Com raras exceções no palácio Manoel Beckman.  

A direita no Maranhão não tem a mínima chance de dar certo.  

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